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Reportagem “TikTok, Redes Sociais e Crianças” — TVI Jornal Nacional

  • Foto do escritor: Cátia Castro
    Cátia Castro
  • há 4 dias
  • 3 min de leitura
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Foi transmitida, no Jornal Nacional da TVI, a reportagem “TikTok, Redes Sociais e Crianças”, na qual tive a oportunidade de dar um breve contributo sobre os impactos psicológicos e sociais do uso das redes digitais na infância. Agradeço à jornalista Ana Valente pela forma sensível e responsável como abordou um tema tão atual e urgente.

Como o tempo televisivo é sempre limitado, deixo aqui algumas das ideias essenciais que ficaram por dizer — e que merecem reflexão por parte de pais, educadores e decisores.


As redes sociais não são neutras


As plataformas digitais moldam a forma como as crianças crescem, se relacionam e constroem a sua identidade. O ambiente online não é um espaço passivo: é um contexto que influencia emoções, pensamento e comportamento.


Desenvolvimento infantil e mundo real


As crianças precisam de tempo, espaço e relação para desenvolverem as suas competências cognitivas, emocionais e sociais. Estas competências constroem-se na interação com os pais ou cuidadores, com os pares e com os estímulos do mundo real — não apenas através dos ecrãs.


O superior interesse da criança


É crucial que todas as decisões — seja em casa, na escola ou nas plataformas — respeitem o superior interesse da criança. A tecnologia deve adaptar-se às necessidades do desenvolvimento infantil, e não o contrário.


🚸 Exposição de crianças online


Quanto mais cedo começa a exposição digital, maior é o risco de contacto com realidades para as quais a criança não está preparada:

  • Cyberbullying e contacto com estranhos;

  • Conteúdos inapropriados e comparação social;

  • Perda de privacidade e criação de uma pegada digital permanente (imagens, rotinas e emoções tornadas públicas).


Esta exposição precoce pode aumentar a ansiedade, gerar dificuldades de concentração e sono, diminuir a autoestima e facilitar a adesão a desafios perigosos.Há ainda um risco subtil mas profundo: a pressão psicológica de se tornar uma figura pública dentro da própria família digital — uma inversão de papéis em que a criança passa a sustentar o conteúdo online e vive em função da validação externa.


📱 Acesso a telemóveis e tablets


Adiar é proteger. O exemplo dos pais é determinante. A forma como os adultos utilizam a tecnologia é, desde cedo, o modelo mais forte de aprendizagem.


👨‍👩‍👧 Dez conselhos rápidos para pais e educadores


1️⃣ Regras claras – definir horários e espaços sem telemóveis ou tablets.

2️⃣ Mais vida fora do ecrã – incentivar desporto, leitura e passeios em família.

3️⃣ Controlo parental com diálogo – conversar sobre o que os filhos veem nas redes vale mais do que vigiar silenciosamente.

4️⃣ Educar para a literacia digital – ensinar a reconhecer fake news, cyberbullying e conteúdos nocivos.

5️⃣ Crianças a partir dos 2 anos – apenas conteúdos educativos, no máximo 1 hora por dia.

6️⃣ Proteger o sono – evitar ecrãs pelo menos 1 hora antes de dormir.

7️⃣ Falar sobre emoções online – ouvir sem julgar o que a criança sente ao ver determinados conteúdos.

8️⃣ Regras ajustadas à idade – limites nos mais novos, autonomia acompanhada nos adolescentes.

9️⃣ Pais informados e sem culpa – o essencial é consistência, não perfeição.

🔟 Autonomia progressiva – ensinar a gerir tempo, escolhas e impacto digital.


🌍 Um olhar global


A Organização Mundial da Saúde recomenda políticas públicas que reforcem a proteção digital, a literacia mediática e a responsabilização das plataformas.Portugal deve avançar no mesmo sentido, com políticas integradas que protejam as crianças sem desresponsabilizar adultos, escolas e empresas tecnológicas.


Em síntese


As tecnologias devem servir a infância, e não o contrário.Crescer num mundo digital é inevitável — mas cabe-nos garantir que esse crescimento seja seguro, consciente e emocionalmente saudável.


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